Simplesmente
porque as ofertas concorrentes tanto dos brasileiros da AMIL (Hospitais
Privados Portugueses), como dos chineses FOSUN (donos dos seguros Fidelidade,
Multicare e Cares) não acrescentam aparentemente nada à empresa além de um
negócio de compra-venda e com perspectivas a longo prazo pouco objectivos.
O Grupo
Angeles, além de uma excelente condição económica, salvaguarda a continuidade
do crescimento da empresa, expõe Portugal a um mercado prometedor, o México.
Que assim poderia ter uma oferta na área da saúde para um segmento de mercado
mais exigente, como são os mexicanos que vão a Houston (EUA) procurar cuidados
médicos muito mais dispendiosos do que poderiam encontram, por exemplo, em
Portugal. O impacto económico para Portugal seria como de esperar enorme, já
que existe um segmento de mexicanos que poderiam estar interessados em obter os
seus cuidados médicos em Portugal, nos hospitais portugueses do Grupo Angeles.
Gerando enormes sinergias desde todos os pontos de vista.
O Grupo
Angeles é de origem galego e Olegario Vázquez Raña, dirige uma empresa familiar
mexicana de nova geração, que reproduz valores de gestão que transmitem
integridade e crescimento.
Infelizmente
em Portugal as autoridades pouco sabem do México, caindo em demagogias, gerando
alguma cegueira intelectual ao que significa realmente o México. E que hoje em
dia faz parte do quotidiano dos portugueses com empresas como a Nobre e
Campofrio, a Bimbo, a participação mexicana na Heineken, que é dona da cerveja
Sagres, a TVI (Media Capital) activo da empresa espanhola Prisa tem também participação
mexicana, praticamente a maioria dos movimentos feitos por intermediação de Espanha.
Igualmente e fruto de uma geração criativa e empreendedora mexicana a Kidzania
em Lisboa.
Seria este
o momento para Portugal ter exposição a um país que cada vez mais assume uma
postura de investidor estrangeiro e temos a experiência em Espanha dos
investimentos mexicanos. Desde os cimentos aos estaleiros navais, banca e
petróleo. México é um novo player que poderá apresentar-se em Portugal de uma forma
directa.
Tendo
presente a pujança económica mexicana, devemos ter em conta que um 10% da população
mexicana tem um poder de compra alto ou muito alto e significando em termos
residuais cerca 12 milhões de habitantes. E termos práticos isto traduz,
exemplificando, para a vizinha Espanha o maior emissor de turistas para a
Comunidade de Madrid com um gasto médio diário superior aos turistas nórdicos
comparativamente.
Nesta possível
nova relação pode marcar um novo marco na relação dos dois países, que este ano
comemoram 150 anos de relações diplomáticas, também, a boa recepção que as
empresas portuguesas têm no México como é caso da Mota-Engil, Logoplaste, Grupo
Lena entre muitos outros bons exemplos.
Faltam
ainda mais medidas estruturantes entre os dois países como é o caso de um voo
directo entre Portugal e a Cidade do México e acordos na área da Segurança
Social, acordos potenciais entre os dois países na área da Educação Superior.
Quem conhece o México pode percepcionar que efectivamente é um país fascinante
e com surpreendentes semelhanças culturais a Portugal.
Vitor Pinto da Cruz
Mestre em Cultura, Sociedade e Desenvolvimento
da América Latina
vitorpintocruz@gmail.com